Investigadores da Aeronáutica analisam hipóteses para acidente

Investigadores da Aeronáutica analisam hipóteses para acidente

Os investigadores da Aeronáutica analisam diversas hipóteses na tentativa de descobrir o que provocou o acidente.

Faltavam pouco mais de dez minutos para o pouso no aeroporto do Guarujá quando o piloto do avião falou com o controle de voo.

“Controle São Paulo, quem tá falando é Alfa-Fox-Alfa. Vai fazer Eco Uno da pista 35. Vai fazer o bloqueio de Santos e o rebloqueio, ok?”, disse o piloto na ocasião.

Alfa-Fox-Alfa é o prefixo do avião, na linguagem dos aviadores. Eco Uno é o nome do procedimento de pouso por instrumentos que iria executar, 35 é o sentido da pista. Com o bloqueio e rebloqueio o piloto apenas confirmou ao controlador que iria fazer o que estava previsto na carta de pouso. Tudo parecia em ordem.

Quando chegou à Baixada Santista, o piloto já sabia que ia encontrar um cenário difícil. Todos os pilotos, antes de voar, recebem informações detalhadas sobre as condições climáticas de todo o percurso.

Dados da rede de meteorologia da Aeronáutica revelam que o tempo estava ruim. Havia muita névoa úmida e a visibilidade adiante era de 3 mil metros, no limite para aquele tipo de avião. As nuvens estavam muito baixas, a cerca de quase 300 metros do solo, quase o mínimo estipulado na carta. E pior: o vento era de cauda, 12 km/h. Ou seja, na mesma direção do pouso, o que dificulta frear o avião durante o pouso, especialmente numa pista molhada, como era o caso.

O fato é que o Cessna nunca pousou no aeroporto do Guarujá. Segundo testemunhas, o jatinho atravessou o mar, avançou sobre o bairro do Boqueirão, em Santos, passou por entre dois prédios e caiu num quintal, a única área livre entre várias casas.

A investigação está apenas no começo, mas a Aeronáutica afirma que o piloto não enxergou a pista e, por isso, arremeteu. Ou seja, ao tentar pousar, ele viu que a situação era muito ruim e decidiu subir de novo. O importante agora é esclarecer o que aconteceu durante a arremetida.

O vídeo mostra a carta de aproximação do aeroporto de Guarujá. Ela indica o sentido do pouso e o caminho a ser seguido caso o piloto decida arremeter. Foi o trajeto que o piloto seguiu até cair.

“Ele inicia um procedimento de arremetida normal, afastou, estava voltando para rebloqueio. Foi nesse momento que alguma anormalidade aconteceu. Não podemos afirmar se isso foi um problema técnico, de combustível, no motor”, explica o especialista em aviação Wilson Camargo.

O mau tempo também poderia ter desorientado o piloto que, em vez de fazer a curva para cima, para 1.300 metros de altitude, teria feito para baixo. Para o comandante Mário Tetto, que trabalha com um avião do mesmo modelo, e que conhecia o piloto de Eduardo Campos, essa hipótese é a menos provável.

“Não só o comandante, como copiloto, eles são obrigatoriamente treinados anualmente. Ele estava fazendo o correto, ele fez corretamente. Esse vento de cauda tivesse sete nós, aeronave comporta esse vento que isso é previsto no manual da aeronave”, afirma o comandante Mário Tetto.

Uma falha mecânica ainda não foi descartada. Em junho, o mesmo avião precisou de manutenção e não pôde fazer uma viagem programada.

“Houve uma pane no sistema elétrico da aeronave que não decolou de Londrina no dia 16 de junho. E levantado pela Infraero, segundo consta, se trata da mesma aeronave, que teve o problema no sistema elétrico de ignição naquele momento”, conta Wilson Quinteiro, do PSB.

Outra possibilidade é de uma causa externa. O avião poderia ter batido numa ave ou numa aeronave não tripulada, conhecida como drone. Nesta quinta-feira (14), a Aeronáutica confirmou que emitiu um aviso aos pilotos que entre os dias 11 e 31 de agosto haveria exercícios com aeronaves não tripuladas na região. Mas, em nota, afirmou que no momento do acidente não havia drones voando num raio de 20 quilômetros do aeroporto.

 

Fonte:G1

Marcos Neris

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