Monte Negro: Líder da LCP e seu amásio são mortos a tiros

Monte Negro: Líder da LCP e seu amásio são mortos a tiros

Terezinha Nunes Meciano, de 57 anos, que era considerada líder da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), além do seu companheiro, Anderson Mateus André dos Santos, de 33 anos, mais conhecido como Índio, foram assassinados no acampamento Élcio Machado, na linha C-30, em Monte Negro, divisa com Buritis. O crime aconteceu por volta das 20 horas do domingo (22).

De acordo com informações da PM, Terezinha e índio foram mortos com requintes de crueldades. Várias capsulas de munição calibre 12 e 38 foram encontradas no local do crime. As vítimas apresentavam vários cortes na região da cabeça, um machado com manchas de sangue foi localizado, a polícia acredita que o objeto também foi utilizado na execução dos líderes.

Desde o ano de 2013 Terezinha vinha sendo alvo de diversas investigações, feitas pela Polícia Civil e MP, por suspeita de diversos crimes ambientais envolvendo invasões de terras, venda de áreas ilegais e desmatamento irregular.

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O último fato ocorreu em junho deste ano quando ela e Delson Mota, conhecido como “Capixaba”, foram multados pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) por prática de crimes ambientais e ainda teriam que reparar o dano causado ao meio ambiente. Delson Mota também foi morto a tiros em Buritis no mês de julho.

As notificações foram aplicadas depois que a Polícia Civil descobriu por meio de investigação, onde Terezinha e Capixaba, que se passavam por “Sem-Terras”, onde na verdade comandavam um esquema de invasão de terras, ameaças e estelionato que envolvia a venda ilegal de lotes invadidos, especialmente na região de Monte Negro e Buritis.

Segundo o diretor de Polícia Civil do interior, delegado Elizeu Müller, falou à época, os dois invasores foram acusados por posseiros da região do Vale do Jamari de tomarem à força lotes ocupados e depois revendê-los obtendo lucro ilegal.

Na ocasião o delegado afirmou ainda que Capixaba respondia em vários inquéritos por outras práticas delituosas. Ele asseverou ainda que “os supostos integrantes de movimentos sociais são destinatários dessas mesmas obrigações preservacionistas, e não podem invadir e causar desmatamentos ilegais em terras, sejam estas de suas propriedades ou de terceiros”, o que justifica a imposição de multas, responsabilidade criminal e ainda reparar os danos ambientais pelos fatos.

O inquérito apura indícios de que sequer se tratam de sem-terra, mas sim de uma quadrilha fortemente armada na região, que invade, desmata, vende e se desloca para outras fazendas para praticar os mesmos crimes.

Mais problemas

Em janeiro do ano passado, o advogado Ermógenes Souza, de Ariquemes, que defendia Terezinha Nunes presa no dia 30 de dezembro de 2013, era considerado suspeito de envolvimento em crimes agrários na região do Vale do Jamari. As informações foram confirmadas por algumas fontes do Rondoniavip que têm acesso ao processo que corria em segredo de Justiça.

À época, o pecuarista Jair Lordão disse que Érmogenes era advogado da LCP. “Essas invasões são criminosas, com o único objetivo de arrecadar dinheiro com a venda de lotes. É uma organização que fatura muito. Normalmente as terras invadidas são produtivas e com área de mata nativa para a venda ilegal de madeira”.

Já Ermógenes afirmou ao Rondoniavip que era representante apenas de Terezinha Nunes, presa por ordem da Justiça. Ela era apontada como líder de grupos que aterrorizam propriedades rurais para expulsar os donos. As investigações da Polícia Civil revelaram que Terezinha tentou extorquir um fazendeiro no início do ano pedindo R$ 250 mil para não invadir uma propriedade. “O endereço da LCP fica em Jaru. Sou advogado apenas da Terezinha. Fui à delegacia com ela em julho do ano passado, e agora, estou acompanhando esse processo. Não tenho nada a ver, nem tenho nenhum tipo de contrato com a Liga”.

O pecuarista Jair Lordão também deu detalhes de como era a operação de alguns integrantes da LCP. “Quando eles se interessam em uma área, eles fazem ameaças de morte ao dono. Caso ele não desocupe, iniciam ações de terrorismo: cortam cercas, atiram no gado. Em um caso recente, queimaram casas de funcionários de uma fazenda. No ano passado, um produtor rural que tinha uma área de terra por mais de 20 anos, foi ameaçado, e ficou com tanto medo que nem registrou ocorrência policial. Ele ainda teve tempo de vender o gado e abandou as suas terras. Para os criminosos, foi muito fácil e hoje quem ocupa o local chama a propriedade de ‘mamão com açúcar’. Em uma recente reintegração de posse, a Polícia Civil encontrou dentro de um barraco, vários extratos de processos de áreas com pedidos de reintegração de posse. Eles fazem das invasões um modo de vida. Hoje é aqui, amanhã é ali, e sempre tem alguém interessado em defendê-los e instruí-los. Tudo por dinheiro é claro”.

As denúncias sobre a atuação de Terezinha, quanto do advogado Ermógenes Souza, foram arquivadas pelo Ministério Público Estadual que não ofereceu denúncia à Justiça sobre as suspeitas que pairavam sobre a suposta líder da LCP quanto do advogado que seria representante dela.

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Recentemente outras denúncias sobre as irregularidades envolvendo crimes na região do acampamento Élcio Machado chegaram ao Ministério Público, porém na semana passada (18/11) o respectivo órgão (MP) tornou a arquivar conforme procedimento n. 2015001010024944 sob o motivo de que os crimes já são de conhecimento dos órgãos ambientais e da polícia, deixando de exercer o controle externo.

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Fonte:RONDONIAVIP

Marcos Neris

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