Portugal produz mais de 40 milhões de unidades de rolhas por dia

Portugal produz mais de 40 milhões de unidades de rolhas por dia

Uma das maiores riquezas da agricultura de Portugal está na cortiça, a casca do carvalho. A árvore gera a rolha, o principal produto feito com a cortiça. O país é o principal produtor mundial de rolhas, com 44 milhões de unidades por dia. Boa parte abastece o mercado português.

O carvalho, que tem o nome científico de quercus, é o gênero de árvore mais comum em Portugal. Essa é uma madeira muito resistente, de grande durabilidade. Existem no mundo mais de 700 espécies dessa árvore, cada uma com suas características. O carvalho de onde se tira a cortiça é mais conhecido pelo nome de sobreiro. O papel dessa árvore na economia e na história de Portugal é bem maior do que simples artigos de loja.

Os portugueses chamam de montado um bosque desse tipo de carvalho, tanto em plantação formada quanto nativo, como é o caso de um bosque encontrado na fazenda do produtor Artur Gouveia, que fica em Coruche, na região do Alentejo, sul de Portugal.

Pela lei portuguesa, o sobreiro precisa de um tempo para se regenerar após o descortiçamento. A cada nove anos, a árvore perde a casca, fica com cor de ferrugem e terá outros nove anos para se regenerar e ter novamente casca para ser cortada. A árvore se dá a partir de julho até perto de setembro, no pico do verão em Portugal. O calor faz com que a casca se solte mais facilmente e evita que a cortiça se quebre durante o descortiçamento.
A operação de retirada da cortiça, em geral, é feita por duas pessoas. O trabalhador recebe cerca de R$ 270 por dia, um valor razoável para os padrões europeus. O descortiçamento exige habilidade e destreza para despelar o sobreiro sem estragar a árvore e a cortiça.
A primeira cortiça retirada serve apenas para fabricar compensados de construção civil. A segunda tirada tem um preço melhor. Mas apenas com a terceira despela é possível extrair cortiça para fazer rolha. A cortiça colhida fica amontoada em um lugar de fácil acesso para o caminhão.

De acordo com a lei portuguesa, a cortiça tem que ficar nove meses para secar e limpar depois de sair do campo. Após a secagem, o produto passa por um processo de cozedura para limpá-la de impurezas e para que volte ao índice de umidade original. Então, a cortiça está pronta para ser transformada em rolha. As placas da cortiça são cortadas em tiras. Em uma máquina é feita a brocagem. Essa é a primeira das várias operações que resultam em uma rolha de boa qualidade.

Existem vários tipos de rolha: desde a castiça, com pura cortiça, usada para os vinhos de guarda, aqueles que ficarão muito tempo na garrafa, até as chamadas “rolhas técnicas”, feitas com aglomerado de cortiça e outros materiais. Rolha de champanha e espumantes em geral  é diferente porque tem um pescocinho que vai dar o gosto do papôco.

Isabel Maria Allegro é quimica e diretora de uma instalação. “Uma boa rolha é uma rolha visualmente perfeita, como uma mulher bonita. E que, principalmente, é capaz de não alterar o vinho”, diz a especialista.

O terror de todo produtor de vinho é o chamado gosto de rolha, um defeito que pode colocar a perder a melhor bebida. Portugal é o principal produtor mundial de rolhas, com 44 milhões de unidades por dia. Boa parte abastece o mercado português.

O mercado de cortiça cresce todo ano em Portugal e tem se mantido entre os principais produtos agrícolas exportados, ao lado do vinho, do azeite e do eucalipto. O crescimento está baseado no respeito ao meio ambiente. Assim, Portugal testemunha a preservação do carvalho mais importante do país durante séculos.

Portugal responde por quase 65% das exportações mundiais de cortiça.

 

Fonte:G1

Marcos Neris

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