Redução de depósitos na poupança deve continuar

O Banco Central (BC) anunciou na última sexta-feira (5) que houve uma nova redução no volume de depósitos na caderneta de poupança em maio. Segundo a instituição, o mês apresentou saldo líquido negativo (com retiradas maiores do que as captações) somando R$ 3,2 bilhões.

Com isso, no ano de 2015 até maio, o volume total apresenta uma retirada líquida da ordem de R$ 32,2 bilhões, fazendo com que o saldo final atual tenha atingido no mês passado um volume total de R$ 648,7 bilhões contra um volume de R$ 648,3 bilhões em abril de 2015 e de R$ 662,7 bilhões em dezembro de 2014, já considerados os rendimentos no período.

Leia mais: Com atraso, Brasil e Argentina renovam o acordo automotivo

Bikes compartilhadas têm contratos que podem lesar o consumidor, alerta Idec

Para o diretor executivo de Estudos e Pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, o resultado pode ser atribuído a dois principais fatores.

“A elevação da taxa básica de juros aumentou a rentabilidade das aplicações financeiras em títulos públicos como fundos de renda fixa, CDBs e Tesouro Direto, em detrimento de uma menor rentabilidade da poupança. Com isso, os investidores têm retirado suas aplicações na caderneta de poupança, migrando estes investimentos para este tipo de aplicação que apresenta uma rentabilidade superior”, explicou.

Em maio, os fundos de renda fixa apresentaram uma rentabilidade de 0,82% contra uma rentabilidade de 0,62% da caderneta de poupança. Isso significa que em 12 meses, os fundos de renda fixa tiveram uma rentabilidade de 10,19% contra uma rentabilidade de 7,25% da caderneta de poupança.

Outro fator apontado pelo economista é a retração da economia com inflação elevada, juros altos e aumento de encargos e impostos, o que reduz a renda das famílias, dificultando seu orçamento.

“Com isso acabam acarretando dois problemas que contribuem para o resultado negativo da poupança: mensalmente sobram menos recursos das famílias para pouparem, além de a famílias serem obrigadas a resgatarem seus investimentos de forma a complementarem sua renda e conseguirem pagar seus compromissos”, acrescenta.

Para os próximos meses, o economista tem como expectativa a continuidade do movimento de redução no volume de depósitos na poupança. “Com inflação elevada, juros em alta, queda de renda, aumento do desemprego e Selic elevada, a rentabilidade da poupança frente aos fundos de investimento é reduzida. Portanto, a tendência para os próximos meses é de que a redução dos depósitos na poupança se acentue, agravado ainda mais por um ambiente econômico mais recessivo com a elevação nos índices de inadimplência e de desemprego” conclui.

 

Marcos Neris

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *