Camargo Correia acumula prejuízo e deve abandonar Jirau, Odebrecht assume obra

Camargo Correia acumula prejuízo e deve abandonar Jirau, Odebrecht assume obra

Prejuízos acumulados durante a execução das obras, por erros cometidos especialmente em função de medidas equivocadas de contenção de custos estariam na origem da desistência da Camargo Correia das obras da Hidrelétrica de Jirau. A empreiteira já está desmontando barracões para abrir espaço e permitir a instalação dos canteiros da Odebrecht. Tudo dentro do sigilo necessário para resguardar a empresa contra reflexos na Bolsa de Valores, mas praticamente impossível de conseguir, consideradas as dimensões da obra.

O grande esforço do consórcio formado pela GDF Suez/Eletrosul/Chesf, do qual a Camargo Correia já se retirou depois de transferir suas ações para a GDF Suez, é para assegurar a manutenção do cronograma da obra e ainda tentar corrigir os erros. Um deles teria sido a compra de turbinas produzidas na China a preços mais “em conta”, que no entanto demonstraram ser incompatíveis com os demais componentes do sistema.

Problema da mesma gravidade do erro do projeto – já admitido pela Aneel – que resultou em uma incompatibilidade entre os sistemas de proteção e controle dos equipamentos – na geração e na transmissão. Enquanto ele não for corrigido Jirau somente poderá enviar energia (um máximo de 400 MW) para um sistema alternativo que abastece Rondônia e Acre.

Parecem não ter fim os problemas ambientais causados pelas hidrelétricas do Madeira. O desequilíbrio hidrossedimentológico decorrente da decantação dos sedimentos nas barragens, que são responsáveis, na avaliação dos ambientalistas do Indam, pelos desastres dos desbarrancamentos, atinge também os peixes, que estão desaparecendo do rio.

As escadarias, construídas para facilitar a passagem dos peixes em seu caminho para a desova na piracema, estão cobertas de lama e cascalho. Com isso, as bombas submersas, que deveriam jogar sobre elas a água necessária à subida, simplesmente não funcionam em nenhuma das barragens, cujos responsáveis já não sabem o que fazer para contornar o problema. O desaparecimento dos peixes tem sido objeto de denúncias e reclamações de pescadores e moradores das localidades à margem do Madeira.

Até uma draga já foi contratada pelos consórcios construtores para uma tentativa de desobstruir as escadas, mas nada adiantou. “É como enxugar gelo” – define um operador, para quem não há como conter a decantação dos sedimentos. Curioso é que o desastre ambiental decorrente disso age em duas frentes opostas e absolutamente dramáticas. Enquanto o excesso de lama e cascalho obstrui a operacionalização das bombas antes da barragem, sua ausência deixa mais limpa a água, mais forte portanto para investir contra os barrancos e carregar rio abaixo o beiradão. E não há indicativos de solução à vista.
 

*Fonte: ariquemesonline

Marcos Neris

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