‘Não é loucura’, diz professora de RO pré-selecionada para viagem a Marte

‘Não é loucura’, diz professora de RO pré-selecionada para viagem a Marte

A única brasileira selecionada a integrar a nova fase do projeto Mars One, se prepara para as próximas etapas do projeto que deve levar 24 pessoas para colonizar Marte e garante que a ideia de viver no planeta vermelho não é uma loucura. A professora de Porto Velho, Sandra Maria Feliciano, de 51 anos, acredita na evolução da história da humanidade, e quer levar a cultura da Amazônia ao espaço, sem passagem de volta.

A professora, conhecida no magistério estadual de Rondônia, vive uma rotina agitada lecionando em uma faculdade particular da capital, estudando a língua inglesa, que será o idioma oficial da missão, e, agora, dando atenção aos curiosos e fãs do projeto. Sandra contou que com a pré-seleção teve que aprender a desligar o celular e desativar as redes sociais, mas se sente realizada por incentivar as pessoas. “Posso inspirar e continuar produzindo conhecimento em todos”, fala.

Sandra Maria Feliciano está entre 100 candidatos que devem participar de mais 3 etapas do projeto (Foto: Gaia Quiquiô/G1)
Professora diz que analisou o projeto e crê no
sucesso da colonização (Foto: Gaia Quiquiô/G1)

Dentre as possibilidades de integrar nas próximas etapas do projeto, a professora garantiu que mesmo se não for selecionada desta vez, vai tentar de novo. Segundo a professora, como uma das selecionadas, ela recebe o direito de se candidatar novamente. Sobre os riscos, Sandra alega que não é uma loucura e acredita no sucesso da pesquisa. “Analisei muito o projeto. Sou corajosa, mas não suicida. Sei que há viabilidade técnica para a execução desse projeto”, garante.

Após a aprovação em mais três etapas, cerca de 40 pessoas devem ser treinadas durante oito anos, desenvolvendo a convivência com desconhecidos e habilidades em áreas da engenharia, medicina, geologia, entre outras. Serão formados 12 casais que devem viver em casulos de aproximadamente 54 m². “O fato de estar entre os 24, tem que desenvolver a empatia e a capacidade de conviver em grupo”, declara.

“Somos os bandeirantes de Rondônia, os desbravadores e estar na região amazônica me auxiliou nesse processo. Me obrigou a buscar mais e desenvolver mais criatividade. O ambiente da Amazônia me propiciou viver maiores desafios e habilidades. Quero levar a música brasileira e a literatura do nosso país”, ressalta a professora, que tem recebido especulações sobre a segurança de vida no planeta e no que isso pode influenciar na história da humanidade.

A viagem, com apenas a passagem de ida, está programada para o ano de 2025. As novas etapas que antecedem e a fase de treinamentos deve ser concluída  ainda em 2015, com análise de convivência em grupo e perfil individual.

Sandra diz que sentirá mais falta da família (Foto: Ivanete Damasceno/G1)
Mãe de professora não consegue imaginar a filha
vivendo em Marte (Foto: Ivanete Damasceno/G1)

Família
Conforme Sandra, quando soube do projeto, ficou cerca de 15 dias sem conseguir dormir direito, até que decidiu se inscrever. Ela contou a notícia a uma irmã, que imediatamente a chamou de louca. A professora não desanimou e levou adiante a vontade de viver em Marte.

O pai de Sandra achou incrível a novidade. “Cada um tem seu modo de pensar. A pessoa só vai saber se está certo ou errado se sentir”, comenta o senhor Anísio Feliciano, de 71 anos. Já a mãe, a dona de casa Gérsi Feliciano, de 73 anos, ainda não consegue imaginar se acostumando com a ideia da filha viajar para outro planeta, sem passagem de volta, com comunicação apenas virtual. “Quando contei pra minha mãe, ela disse que eu não iria para Marte de jeito algum”, diz a selecionada.

O projeto
De acordo com os organizadores do Mars One, o custo do projeto é orçado em US$ 6 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões). A viagem tem previsão pata ter início em 2016, quando um satélite e rovers (sondas de Marte) devem ser levados para explorar o local onde será instalada a colônia. Segundo Sandra, deve ser elaborado um programa “reality show” com exibição da vida dos colonizadores de Marte, para manter o financiamento do projeto.

Ilustração mostra um futuro pouso da Mars One no planeta vermelho (Foto: AFP)
Ilustração mostra um futuro pouso da Mars One no
planeta vermelho (Foto: AFP)

Entre 2018 e 2020 serão enviados módulos contendo alimentação, água, oxigênio, painéis fotovoltaicos e outros equipamentos, que serão enterrados para impedir a incidência de radiação. Os rovers irão montar parte das estruturas. Segundo Sandra, em 2022 serão levados os casulos, habitats com aproximadamente 52 m² para convivência de cada casal, com quarto, sala, banheiro, área hidropônica e higiene, que já estão sendo testados na Terra.

Pesquisa
Cinco estudantes de aeronáutica do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) após analisarem dados da missão, que a empresa holandesa Mars One pretende transformar em um “reality show”, alertam, através de um estudo cientítico divulgado em outubro de 2014, que os pioneiros começarão a morrer no 68º dia de missão.

O informe de 35 páginas, que analisa com gráficos e fórmulas matemáticas recursos como oxigênio, nutrientes e tecnologias disponíveis para o projeto, analisa que a morte do primeiro pioneiro “ocorrerá aproximadamente aos 68 dias de missão, por asfixia”. As plantas, que teoricamente devem alimentar os colonos, produzirão oxigênio demais e a tecnologia para equilibrar a atmosfera “ainda não foi desenvolvida”, afirmam os autores do estudo.

Marcos Neris

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