Conflitos no campo mataram 20 em 2015 no estado de RO

Conflitos no campo mataram 20 em 2015 no estado de RO

Vinte pessoas foram assassinadas no ano passado, em Rondônia, por envolvimento em algum tipo de conflito no campo, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (15) pela Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

O número representa metade dos assassinatos que foram registrados ao longo de 2015 em toda a região Norte do Brasil.

Em nota, com o título ‘Assassinatos no campo explodem em 2015’, a Secretaria Nacional da CPT afirmou que 2015 foi o ano em que mais se matou no campo. Foram 50 assassinatos em todo o país, o índice mais elevado desde 2004 e 39% superior ao registrado em 2014, quando a CPT registrou 36 homicídios.

Dos crimes ocorridos na região Norte, 19 foram no Pará, 20 em Rondônia e um no Amazonas. Se for considerada a Amazônia Legal, que incorpora parte do Maranhão e do Mato Grosso, o número de mortes aumenta para 47. De acordo com a assessoria da CPT, seis trabalhadores foram assassinados no Maranhão e um no Mato Grosso.

Na Amazônia, além dos homicídios, a CPT registra tentativas de assassinato, ameaças de morte, prisão de camponeses, agressões físicas e conflitos por terra. Segundo o balanço geral, foram 30 tentativas de homicídios das 59 registradas no país. Das 144 ameaças, 93 foram na Amazônia Legal. Das 80 prisões em nível nacional, 66 foram na região amazônicas. Das prisões, 66 dos 80 camponeses presos são da região.

Um dado destacado com preocupação está relacionado aos conflitos por terra, são 529 na região Amazônica, destes 83 são em terras rondonienses. Rondônia também aparece no ranking de famílias despejadas, 694 casos dos 866 registrados na Amazônia pela CPT.

Causa dos conflitos
Embora haja campanhas e mobilizações pela pacificação do campo, a CPT não vê melhora no quadro atribui à maior valorização da terra o acirramento dos conflitos no campo. Os números deixam claro que a Amazônia continua sendo uma das novas fronteiras para o capital. O agronegócio, sobretudo com a expansão da soja e da pecuária para a região, aliado à mineração e à extração madeireira exigem do poder público a infraestrutura necessária para garantir seus vultuosos lucros. Constroem-se hidrelétricas e seus linhões, portos e aeroportos, planejam-se hidrovias e se abrem e asfaltam estradas. Tudo leva à valorização das terras. Está pronto o caldo para o aumento e o acirramento dos conflitos.

Outro fator que, segundo a CPT, explica a violência concentrada na Amazônia é a não regularização fundiária. Grande parte dos conflitos em 2015, tanto no Pará quanto em Rondônia, aconteceu em áreas cujos Contratos de Alienação de Terras Públicas (CATPs) foram anulados. Áreas estas que, pela legislação, deviam ter sido destinadas à Reforma Agrária, mas que acabam nas mãos de grileiros.

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Fonte;G1

Marcos Neris

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