‘Luthier’ de vitrolas em SP quer construir maior toca discos do mundo

‘Luthier’ de vitrolas em SP quer construir maior toca discos do mundo

Hamilton Mendonça, de 45 anos, constrói toca-discos há mais de 10 anos. Sua paixão pelo formato de reprodução de áudio é tão grande que ele já chegou a ser o feliz dono de uma coleção de mais de 8 mil vinis. Com a esperança de motivar o retorno da fabricação em massa de discos pelas gravadoras, ele construiu o que espera ser a maior vitrola do mundo, o Bigger Best. Assista ao vídeo acima.

Já que o “Guinness”, livro de recordes internacionais, não tem uma categoria para toca-discos, é difícil determinar se o objetivo foi atingido. Mas, com um metro de largura por 90 centímetros de profundidade, o aparelho pode muito bem ser um dos maiores que realmente funcionam no planeta – um vinil de mais de 124 metros de diâmetro chegou a rodar sobre uma casa de shows nos EUA, mas nunca funcionou de verdade.

O Bigger Best é grande suficiente para ostentar uma cópia da Mona Lisa em tamanho real em seu tampo, mas tamanha obra vem com um preço. Mendonça, que prefere ser chamado pelo apelido de Hamiltondiscos, colocou sua maior realização à venda na internet por R$ 10 mil. Ele sabe que é um preço elevado. “A gente faz aparelhos para classes A e B. É um investimento caro mesmo. Hoje em dia o cara ou come, ou compra toca-discos.”

Em sua loja de discos e vitrolas no segundo andar de uma pequena galeria na rua Santa Efigênia, em São Paulo, ele não esconde o orgulho do tocador gigante. “Olha como ele é bonito, cara. São duas obras de arte. O Bigger Best e a Mona Lisa, uma de frente pra outra”, diz. “Tem gente que gosta de carro grande, apartamento grande, mulher grande. Daí já aproveita e compra um toca-discos gigante, também”, afirma Mendonça.

Hamilton Mendonça apresenta sua vitrola Bigger Best em sua loja de discos em São Paulo (Foto: Paulo Castilho/G1)Hamilton Mendonça apresenta sua vitrola Bigger Best em sua loja de discos em São Paulo (Foto: Paulo Castilho/G1)

“A gente fez isso aqui pela volta do vinil. Com o disco, todo mundo ganha. O artista ganha, o governo ganha. O MP3 está acabando com a música, cara”, conta ele, emocionado. “Não fala de MP3 perto de mim!”. Uma reação esperada de alguém que ama o “bolachão” há quase três décadas.

Respeite o bolachão
Aos 15 anos, Mendonça via seu pai escutando clássicos como Ray Charles e Aretha Franklin na vitrola foi comprou seu primeiro modelo. Sempre metido a xeretar e personalizar suas coisas, em especial os aparelhos elétricos, logo ele modificava ou consertava nove a cada dez toca-discos que comprava.

“A bicicleta dele era sempre a que mais chamava a atenção na nossa turma”, conta o marceneiro Marcos Joel, amigo de Mendonça desde a infância dos dois em Minas Gerais. A amizade é tão grande que seguiu com os dois para São Paulo, onde constroem vitrolas juntos há mais de 10 anos – incluindo na grande empreitada do  Bigger Best.

O primeiro modelo concebido e feito por Mendonça “mais parecia uma chaleira”. Vendido na internet, foi o que lhe fez pensar que poderia viver como um “luthier” de vitrola. Mais de uma década depois, ele se orgulha de fazer versões únicas e exclusivas de cada um de seus toca-discos, e vende cerca de cinco por semana.

Além dos mais simples, que custam em média R$ 500, ele também desenvolve aparelhos sob encomenda. Um deles foi pedido por um guitarrista e ocupa o corpo de um violão, com direito a amplificador acoplado; outro, que Mendonça criou por vontade própria, oferece a seu futuro dono a possibilidade de remixar ao vivo seus próprios discos através de dois braços.

“É assim, cara. Eu amo disco, namoro fita cassete, gosto de fita de rolo e até aceito o CD, mas odeio MP3”, declara ele. “Já tive mais de 8 mil discos. Meu quarto era só eu, a cama, e eles. Mas tinha uma goteira bem em cima e uma vez eu fui pegar um Rick James e a capa se desfez na minha mão. Fiquei injuriado e vendi tudo. Agora to tentando comprar tudo de novo.”

Fonte:G1

Marcos Neris

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