Crise não chegou para startups, diz Amure Pinho, da Abstartups

Crise não chegou para startups, diz Amure Pinho, da Abstartups

Startups surgem para derrubar mercados tradicionais e é durante crises que as melhores se destacam. A opinião é de Amure Pinho, empreendedor, investidor-anjo e presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). “A crise atinge mais mercados tradicionais e isso para startups é fantástico”, diz Pinho, em entrevista exclusiva aPequenas Empresas e Grandes Negócios.

No último semestre, segundo dados da Abstartups, houve um crescimento de 25% na quantidade de empresas cadastradas na associação. Só em São Paulo, o principal polo no Brasil, o aumento foi de 46% desde março. As startups estão propondo soluções principalmente nas áreas de SaaS (Software as Service), educação e internet. “Os empreendedores estão vindo mais preparados, captando mais dinheiro, com equipe mais formada, sem deixar o ego atrapalhar. Ele está calejado e isso faz muito bem para o nosso mercado”, afirma.

Para acompanhar estes empreendedores, a Abstartups promove, pela segunda vez, oCASE. O evento, que começa hoje, em São Paulo, reúne empreendedores, investidores e interessados no mercado para trocar experiências, levantar tendências e, quem sabe, fazer negócios. “É uma excelente oportunidade para se formar”, diz. Confira a entrevista completa a seguir.

Na prática, o que você observa de evolução entre os empreendedores e o mercado no evento deste ano?
No mercado, a evolução que a gente percebeu é que passou por um momento de boomtrês ou quatro anos atrás e 2015 marcou a maturidade do ecossistema. Antigamente, era mais comum ver matérias comentando sobre startups ainda em fase de criação de projeto e de sonho do que de operação. Em 2015, as notícias são de investimento, de startups sendo compradas por grandes corporações. Os negócios estão muito mais maduros. O mercado não é mais um espaço de experimentação, mas de aproveitamento de verdade. Vemos startups conseguindo empregar mais rápido, com vagas abertas, crescendo faturamento. Nosso evento evolui junto com isso. Se em 2014,o objetivo era mostrar que poderia fazer o maior evento da Amética Latina. Neste ano, toda temática foi feita com feedback de startups.

Como a crise afeta as startups?
Pode parecer uma visão otimista, mas a grande verdade é que as startups trabalham em disrupções de modelos antigos. A crise atinge mais mercados tradicionais e isso para startups é fantástico, já que elas pregam por tornar o modelo mais ágil, mais produtivo. A crise para startups me parece que não chegou e duvido que chegue. A gente conseguiu se consolidar no mercado com investidores, temos um número grande de anjos, mais de 30 aceleradoras. Hoje, para a startup, o acesso a capital e o mercado não diminuíram, já que a maioria é focada em B2B e as empresas precisam de inovação. A gente vê a crise como algo terrível, mas que hoje está sendo positiva, abrindo mais espaço para startups. A gente está surfando uma boa onda.

Como vê o empreendedor hoje na comparação com anos atrás?
Ele descobriu o mercado brasileiro e descobriu que não precisa ser copycat. Em 2012, era muito comum, hoje não vemos tanto porque eles estão acreditando que não é preciso copiar. Copiar não é uma coisa ruim. O copycat é saudável. Se alguém validou, você poupa esforços. Mas isso diminui a inovação, mesmo que adaptada. Eu discordo quando dizem que as startups não são inovadoras. Hoje, vemos startups criando e exportando soluções para o resto do mundo. Essa nova leva de empreendedores está observando os problemas do Brasil e como resolvê-los. Sem contar que ele que já passou pela primeira fase, já empreendeu, errou e falhou. Os empreendedores estão vindo mais preparados, captando mais dinheiro, com equipe mais formada, sem deixar o ego atrapalhar. Ele está calejado e isso faz muito bem para o nosso mercado.

E o que ele precisa ter para os próximos cinco anos?
Eu acho que as necessidades são menos para os empreendedores e mais para o ecossistema. O que a gente precisa é que ter mais casos de saída, de vendas de negócios realizados, de empresas americanas comprando startups brasileiras, de IPOs. De donos fincando ricos e virando investidores-anjos e voltando ao ecossistema. Essa é a fórmula mágica que aconteceu nos Estados Unidos. Eles ficam milionários e investem tudo de novo no mercado. Nos próximos três ou quatro anos, a gente vai ver muito isso. Isso é um grande círculo virtuoso. O segundo movimento é de empresas acreditando no segmento de startup. Desenvolvemos mais de sete eventos apresentando para grandes empresas soluções de startups. Isso é maravilhoso e só tende a aumentar. Com isso, acredito que o mercado será 5% do PIB e colocará o Brasil no mapa das startups do mundo.

Temos visto iniciativas públicas para startups e pequenas empresas. Você enxerga isso como um avanço?
Temos visto iniciativas tanto privadas quanto governamentais de fomentar o ecossistema local. Acho fantástico ver aceleradoras com objetivo de trazer inovação para empresas como Cisco e Porto Seguro. Estamos precisando de fôlego para conseguir escalar. Nos Estados Unidos, a iniciativa pública se afasta porque o mercado é maduro e não precisa de dinheiro do estado para fomentar startups. A gente ainda precisa um pouco desse subsídio, precisa desse empurrãozinho.

E quais são seus conselhos para quem quer começar?
Existem vários caminhos. Do ponto de vista clássico, a primeira cosia é aprender a validar o mercado e o problema. É ir para rua, entrevistar e entender como as pessoas vivem hoje e se estão dispostas a pagar. Depois, o grande desafio é vender seu sonho para outros e montar o time. Com isso, ele tem quase tudo que precisa. Equipe, conhecimento, mercado potencial e problema de fato para resolver.

Fonte: PEGN

Marcos Neris

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